Muito embora o processo de recordar assuma uma forma simples e aparentemente sem maiores consequências, encerra em si a possibilidade de acesso ao inconsciente, uma vez que, o esquecimento está, quase sempre a serviço da interceptação, ou seja, do tirar de cena determinada situação e segundo Freud: “quando o paciente fala sobre estas coisas ‘esquecidas’, raramente deixa de acrescentar: ”Em verdade, sempre o soube; apenas nunca pensei nisso”, estando o sujeito em análise ou não, o processo é o mesmo.
Por outro lado, a repetição, distintamente do recordar puramente, se instala através do agir, levando o sujeito a reprodução de situações anteriormente vividas. Isso é engendrado pela compulsão, compulsão à repetição, uma vez, que a repetição é uma transferência do passado esquecido para a atualidade.
Seja pela repetição, seja pela recordação, ao evocar um fragmento do passado, não se instala um processo inofensivo, pois qualquer lembrança guarda consigo uma gama de significados, de sentimentos, de ressentimentos, culpabilizações, enfim, comporta afetos entrelaçados, que formam a cadeia significante.
Portanto, recordar nunca é, unicamente, um exercício exclusivamente mental no sentido de conter somente elementos intelectuais.
Sendo assim, recordar o Natal não pode ser um simples exercício de memória ou de compra, mas uma busca pelo significado, pelo que representa, efetivamente, o Natal e que certamente não é o consumo, ou é?