A história de o dinheiro de Judite
As dificuldades financeiras podem ser combatidas com saídas estratégicas. Mas não é possível oferecer um manual porque apesar das semelhanças, é importante que cada um, de acordo com seu perfil possa criar, primeiro um método de controle e depois, manter o orçamento em dia.
Mas, é viável padronizar alguns aspectos do comportamento financeiro, por exemplo, mesmo que um trabalho exija o uso de uniforme, os acessórios, o cabelo solto ou preso, liso ou crespo, a maquiagem suave ou mais carregada, os sapatos de salto baixo ou alto, são exemplos da particularidade de cada um.
O mesmo ocorre no mundo financeiro, as dicas são equivalentes ao “uniforme”, mas a maneira encontrada para fazer uso dessas dicas dependerá da individualidade, quer dizer, da subjetividade de cada pessoa.
Vamos pensar em um exemplo:
Comprar ou não comprar?
História:
Judite mora no RS, tem 52 anos é divorciada e autônoma, tem um bom rendimento mensal, embora não saiba exatamente quanto recebe. Mesmo assim acredita que conseguirá trocar seu apartamento. Sua residência atual está quitada, mas Judite se incomoda com o pouco espaço, por duas razões em especial: primeiro porque não consegue acomodar mais suas roupas e sapatos.
Segundo, porque não tem lugar para pintar e fazer esculturas que é seu hobby. Além disso, ela fez as contas e a prestação cabe no orçamento. Ela dará seu apartamento atual como entrada e financiará o restante. Judite nos escreveu para saber qual é a melhor alternativa para ela. E você, o que faria no lugar dela?
Sugestões:
1°) Analisar o sonho: Analisar significa refletir profundamente (com ou sem ajuda profissional) sobre o significado da compra do apartamento. Num primeiro momento, trocar a residência representa liberdade (espaço para seu hobby) e uma comodidade maior (espaço para acomodar suas coisas). Então, vale refletir sobre liberdade e comodidade num aspecto mais geral da sua vida e não apenas em relação ao espaço físico, ou seja, estará ela sentindo-se aprisionada e desconfortável afetivamente?
2°) Avaliar a necessidade: Por que necessita de mais espaço para roupas e sapatos? Não estará comprando em excesso e acumulando apenas “passivos” [1] ao invés de aumentar os ativos financeiros?
3°) Ter clareza da real possibilidade: O fato de Judite não saber exatamente quanto ganha é possível ter certeza de que irá pagar suas dívidas? Ela não estaria lidando com a vida financeira como se fosse um “jogo de risco”?
4°) Pontos positivos e negativos: Pensar nas finanças com uma dose de metodologia é importante. Judite poderia dividir a vida financeira em pontos positivos e negativos.
Pontos positivos | Pontos negativos |
Ganha bem | Não tem domínio da vida financeira |
Tem ambições | Faz cálculos apenas das prestações |
Ainda não contraiu dívidas novas | Não tem planejamento financeiro |
Tem apartamento quitado | |
Quer ter mais qualidade de vida |
5°) Caminhos estratégicos: Para que Judite possa conquistar seu sonho sem se tornar uma escrava do trabalho e uma refém do consumo desnecessário, seguem algumas dicas:
- Fortaleça os pontos positivos:
- Mantenha os sonhos e os rendimentos
- Permaneça sem dívidas maiores
- Valorize o tempo e a qualidade de vida
- Neutralize ao máximo os pontos negativos:
- Anote diariamente os gastos e os rendimentos (saiba exatamente quanto e aonde gasta seu dinheiro)
- Habitue-se a calcular o valor total daquilo que quer adquirir e não apenas a prestação. Você não pode “pensar parceladamente”, é fundamental ter uma ampla visão dos gastos e rendimentos.
- Compare o valor à vista e a prazo. A diferença entre um e outro são os juros (em geral, juros compostos) que estará pagando.
- Troque a dívida pelo investimento. Ao invés de pagar o valor da prestação de algum financiamento faça, mensalmente, algum investimento financeiro. Se ela poderia pagar a prestação, poderá pagar o mesmo valor para “ela mesma”, formando assim uma poupança. Posteriormente, poderá aplicar de forma adequada o montante guardado e comprar aquilo que quiser.
- Eduque-se financeiramente. Judite já investe (lembre do dinheiro parado no roupeiro), apenas não está investindo em algo que lhe traga retorno financeiro.
- Analise a qualidade do retorno. As pessoas experimentam diversas sensações ao comprarem, mas é importante que possam refletir profundamente sobre a qualidade e a permanência das “boas sensações” que geralmente duram pouquíssimo tempo e em seguida surge culpa, arrependimento, e em muitos casos, endividamento.
- Faça um planejamento financeiro. Ao saber quanto ganha e aonde gasta, terá os elementos necessários para identificar onde pode economizar e em quanto tempo poderá atingir os objetivos almejados.
Bons investimentos!