Isso mesmo, um funcionário com dívidas pessoais gera prejuízo para a empresa por diversas razões.
Desde distrações até graves acidentes de trabalho são causados por trabalhadores que estão preocupados se vão conseguir pagar a escola do filho, se a luz vai ser cortada, se vão ser despejados ou se vão conseguir pagar o supermercado.
Embora as pesquisas não cheguem a um consenso, já que existem divergências nos resultados levantados pelos estudos, podemos pensar que a situação está bem complicada dentro das empresas, mesmo que muitas nem percebam.
Segundo a PwC (Pricewaterhousecoopers), 50% dos trabalhadores gastam ao menos 3 horas por semana cuidando de questões financeiras pessoais durante o expediente.
Vamos analisar mais alguns dados?
- Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), mais de 70% das famílias estão endividadas e ao menos 25% dos trabalhadores estão inadimplentes;
- Segundo a CVM (Comissão Nacional de Valores Mobiliários), 64% dos trabalhadores vivem no limite e não estão preparados para imprevistos (e quem não tem imprevisto?);
- Segundo a ABEFIN (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), ao menos 16% dos trabalhadores não conseguem pagar todas as contas do mês.
Quando olhamos de forma mais ampla, percebemos que o cenário é alarmante e, infelizmente, não somos feitos de números.
O que isso quer dizer? Significa que os números não mostram o que de fato acontece.
Na prática, os trabalhadores estão dentro das empresas com a cabeça muito ocupada tentando achar alternativas para quitar suas dívidas. Enquanto estão operando a máquina no chão de fábrica, falam com o colega ao lado para ver como vão pagar o aluguel.
Enquanto estão atendendo uma cliente que fica indecisa entre levar o 3º par de sapato, estão preocupados com a conta de água. Ou que enquanto ajudam um cliente a investir milhares de reais, estão lutando para pagar a escola do filho.
Em sã consciência, podemos imaginar que quem está com problemas financeiros vai trabalhar bem, por mais que se esforce?
Claro que a maioria, mesmo com problemas, vai tentar ao máximo, mas distrações, presenteísmo, equívocos e até burnout vão impactar a empresa.
Então, a solução para esta situação é demitir o funcionário com problema financeiro pessoal? É importante lembrar que caso algum gestor opte por essa alternativa, vai ter que demitir 70% dos colaboradores.
Mas afinal, qual é a saída?
Capacitar, educar e “ensinar a pescar”. Infelizmente não fomos preparados na escola ou nas famílias para fazermos um planejamento financeiro pessoal e, se a empresa quiser qualificar sua mão de obra, vai ter que passar inevitavelmente pelo treinamento de finanças comportamentais ou educação psicofinanceira.
A educação sempre é um diferencial competitivo e por que reforço isso?
A resposta é simples: porque, por mais de 15 anos atuando desde o chão de fábrica até o staff das empresas, acompanhei histórias inacreditáveis de pessoas endividadas “acima de qualquer suspeita”.
Os malabarismos para esconder a realidade financeira, a vergonha e o desgaste emocional que os funcionários passam podem ser mitigados com ações educativas que, além de serem estratégicas para que as empresas aumentem o lucro, ainda cumprem uma função social de ajudar aos trabalhadores e as famílias dos brasileiros.
E para quem ainda acha que é caro um treinamento em educação financeira para sua empresa, calcule quanto custa mensalmente 12 horas “desperdiçadas” por 50% dos seus funcionários.